ECA 30 anos

Bombeiros interditam sede de Conselho Tutelar, e MP cobra município

18.302

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)
Local apresentava elevada probabilidade de colapso estrutural e instalação incompleta, alterada ou deficiente de medidas mínimas de segurança

Ainda em 2014, uma sentença condenou o município a fornecer estrutura mínima aos Conselhos Tutelares (CTs). A problemática envolvendo o serviço já tem mais de uma década e perpassa gestões municipais. Foi em 2009 que a ação civil pública (que culminou na sentença) do Ministério Público foi ingressada. O órgão requeria do município "infraestrutura mínima e básica para os Conselhos Tutelares, a construção de rampas para cadeirantes e ampliação de portas de acesso" sob pena de multa diária no valor de 10 salários mínimos em caso de descumprimento. Ao longo dos anos, diversos expedientes seguiram cobrando aquelas e outras melhorias.

Reportagem especial aborda esse e outros aspectos sobre rede de proteção á criança e ao adolescente em Santa Maria. Leia a reportagem completa aqui.

Ocorre que um retrocesso à série de reivindicações judiciais foi escancarado neste ano. Em 24 de junho, a sede do Conselho Tutelar Oeste foi interditada pelo Corpo de Bombeiros. O motivo: "elevada probabilidade de colapso estrutural e instalação incompleta, alterada ou deficiente de medidas mínimas de segurança contra incêndio", segundo informou o chefe da Seção de Segurança Contra Incêndio do 4° Batalhão de Bombeiro Militar, capitão Anderson Luis Menezes da Silva.

- O MP está executando essa sentença e cobrando que seja dada a estrutura mínima para a sede na Região Oeste. Diante de qualquer insuficiência ou dificuldade de atuação dos Conselhos, o MP usará daquela sentença e seguirá cobrando, pois, em parte, o município deixou de cumprir sua obrigação no momento em que uma das sedes deixou de ser adequada - salienta Fernando Chequim Barros, titular da Promotoria de Justiça Especializada de Santa Maria.

A cobrança atual também é passível de multa, segundo o promotor.

O secretário de Desenvolvimento Social, Leonardo Kortz, disse estar ciente da ação e informou que a pasta está procurando um local para o Conselho Tutelar Oeste. Kortz não informou prazos e disse que, atualmente, os conselheiros têm trabalhado em uma sala junto ao Cras, no Centro de Artes e Esportes Unificados (CEU), no Bairro Nova Santa Marta. O secretário afirmou que o município oferece estrutura aos CTs e elogiou o trabalho dos conselheiros:

- Estamos aguardando um laudo de um engenheiro da prefeitura, pois pelo que soubemos o problema partiu da construção de um banheiro na sede. Aí, acionaremos a empresa responsável pela construção. Mas, nossa estrutura no município mudou bastante. Até estamos por entregar mais um carro ao CT, que veio de uma emenda parlamentar. E o trabalho dos conselheiros tem de ser reconhecido, pois eles são o para-choque nessa questão (da infância e juventude) e muito corajosos.

Para titular do Juizado Regional da Infância e Juventude (JRIJ), Gabriela Dantas Bobsin, embora existam os órgãos da assistência social muitos precisam de meios para a consecução das tarefas, materiais e pessoal, para se avançar com estrutura mínima de trabalho.

- Não é incomum que CT e Cras (que não contava com sede no ano passado, prestando os atendimentos no Creas) estejam sem instalação física de funcionamento, o que é preocupante, pois há necessidade de ambiente seguro e acolhedor ao público vulnerável, a fim de que recebam o atendimento e encaminhamento que precisam - pontua a juíza.

FALTA ESTRUTURA

A demanda dos Conselhos Tutelares de Santa Maria, dita pelas pessoas encarregadas pelo serviço, tem sobrecarregado a rotina dos 15 conselheiros da cidade. Somente no primeiro semestre deste ano, foram 6.446 atendimentos, conforme levantamento feito pelo Diário, sendo 3.791 no CT Centro, 255 no CT Leste e 2,4 mil no CT Oeste.

Cada um dos três CTs conta com cinco conselheiros. O órgão, criado conjuntamente com o ECA e que atua na falta ou omissão dos pais ou responsáveis para assim garantir os direitos básicos a crianças e adolescentes, roga por mais estrutura.


- Não temos software para manipular os dados. Os registros são feitos em livros de forma manual, sem sistema informatizado. Também necessitamos de espaço adequado para garantir o sigilo e discrição nos atendimentos. Há carência de uma sala, pois um conselho está sem sede e nos outros são cinco conselheiros para quatro salas. Para exercer a nossa função de garantidores de direitos, precisamos de uma rede equipada para dar os encaminhamentos de maneira célere com prioridade absoluta - diz uma conselheira que não quis ter seu nome identificado.

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Idoso que estava desaparecido em Santa Maria é encontrado Anterior

Idoso que estava desaparecido em Santa Maria é encontrado

Próximo

VÍDEO: aos 92 anos, ex-reitor da UFSM vence Covid-19

Geral